Acorda, minha gente
Meu povo
Tem de novo alegria nas promessas do ar
A noite se espelhou no lajedo
Num corisco segredo que Deus mandou contar
Abri a porta fui pro meio do terreiro
Ver o mundo estrondando
O trovão vadiar
Relampeou ou seca brava
O pó, a sede, o sol pra chegar
O rio seco, a vida seca
Que tristeza, já tem vaca no jirau
O cercado sem pasto
Sem ter água pro gasto
Pela fé do lavrador
Só vou dormir quando chover
Aí já é de madrugada
A noite nublada
Fez-se num aguaceiro
Vem fecundar minha pobreza
Nas terras que eu planto
Sem ter canto pra ficar
Chuva mata minha fome, minha sede
Homem pobre como eu
Sabe esperar, lutar
Pra depois colher
O seu feijão
Dono do chão com seus irmãos