Eu sou black
Meu cabelo black
Eu sou black
Gerson King Combo na área
É desse jeito compadre
Swing brother, swing
Vamos comandar
Vamos falar dos cabelos
É nós
Cabelo brother, cabelo que é raiz
Cabelo é cabeça
Cabeça é cabelo brother
É desse jeito
Meu cabelo black espichado, pra cima
Trançado enrolado mais que nunca perde a rima
Esse é nosso cabelo. Cabelo pixaim
Sarara crioulo você sabe que é assim
No mapa do meu cabelo gingado eu preservo o caminho
Como na selva onde o pássaro esconde seu ninho
Em cada trança uma história, cada fio forma o linho
Em cada mecha uma brecha para não estar sozinho
Cabelo é proteção contra as intempéries do tempo
Retratando a história de angústia, sofrimento e lamento
Fatos de uma nação? da Silva dos Santos?
Diásporas espalhadas em todos os cantos
Eu sou black
Meu cabelo Black
Eu sou black
Eu te conto em contos que eu nem te conto
Na textura certa e sem passar do ponto
Crespo, seco, dreadlock, curto ou longo
As vezes da um rolé sem nem mesmo esta pronto
Raspado, pintado, afro, nagô, duro, envocado
Cacheado, alisado, esticado, aplicado
Criticado, rotulado, estigmatizado
Mas eu não nego que esta sempre do meu lado
De chapinha, pente quente, henê ou relaxante
Coquinho, blakão, continua elegante
Duro, sobrevivente e resistente
Mantendo viva a historia da nossa gente
Eu sou black
Meu cabelo Black
Eu sou black
A rigidez na raiz não sede a pressão
Resistindo aos processos de transformação
Ostentados dia a dia na televisão
O principal veiculo de alienação
Impostos pelo padrão de uma cor só
Que é assimilado e faz a massa se sentir menor
Padrão estético e nada ético
Quer ser profético mas é sintético
Não resiste ao tempo nem as tempestades
Eu sei que é duro
Mas onde fica sua dignidade?
Qual é o pente que te penteia, nega?
Qual é o pente que te penteia
Eu sou black
Meu cabelo Black
Eu sou black