Torci um sovéu, costurei a sobre-cincha,
Três dias de chuva me enfurnaram no galpão,
Desquinei tentos, látego novo “prá” cincha,
Vendo a fumaça dançando sobre um tição.
Faxinei tudo e passei sebo nos laços,
Trato e escova na bragada do patrão,
Mas que saudade dos abraços da morena,
É de dar pena tanta soga e solidão.
Se não estiar “vô puxá” o poncho nas costas,
Ensebar as botas e sair que é um coronel,
Molhado com ela é melhor que enxuto e só,
Nas noites não vejo lua quem dirá então o mel.
Depois do passo que hoje só passo a nado,
Cruzo no Florisnaldo se não desabar o céu,
Sigo altaneiro que é só paixão na imagem,
E co’a coragem embaixo da aba do chapéu.
Chegando lá não tenho tempo “prá” floreio,
Atoro ao meio minha china co’a direita,
A canhota trago bem junto do rosto,
E até dá gosto agora “vê enche” as “valeta”.
A oito-baixos corcoveou na minha chegada,
E o João Canário se arreganhou nesta hora,
Eu gritei alto: - que se encharque o mundo velho!
Gaita Canário! Que hoje eu danço de espora!