Eu tava à toa no rancho, chegou a saudade me tirando o sossego
Se adonou do meu banco, tomando meu mate e mexendo nas brasas
Se estranhou com meu cusco e tirou de casa, se fartou do meu charque
Contando uns causo sem fim, e cousa e lousa e assim foi tomando meu tempo
(Ah, morena, eu tenho andado à toa
Gostar de ti dói de um tanto, mas nem que doa)
Eu tava à toa no rancho, chegou a tristeza jogando água nas brasas
Foi fechando a janela e passando a tramela, dizendo que era tarde
Me tomou a viola e me deixou de varde, cara a cara com o tempo
Só de maldade a maleva fez mais amarga minha erva e mais escura minha noite
Eu tava à toa no rancho, chegou a morena, com os olhos cheio d'agua
Foi primavera no inverno, a flor pedindo aconchego, dizendo que ficava
Mas só me engano uma vez, que eu já conheço este causo, e aqui se faz, e se paga
Melhor só mate e lembrança que gastar a esperança com quem nasceu pra estrada