Tenho saudades do meu tempo de tropeiro
Que eu tropeava nas estradas do sertão
Quando sentia aquele cheiro de relva
Das folhas secas que caiam sobre o chão
E do orvalho que pingava sobre a terra
Quando o sol apontava seu clarão
Sempre levava a minha vida folgada
Quando eu vivia desta doce profissão
Tenho saudade do cheiro de uma boiada
Quando eu rondava nos piquetes beira estrada
Fazia pouso sempre nas beiras de rio
Ou nas lagoas que eram águas paradas
De madrugada eu saía viajando
No meu burrão que tinha marcha picada
Meus boiadeiros sempre tinham seus cuidados
Pra não deixar nem um boi de arribada
Tenho saudade daquele bom cozinheiro
Com seu cargueiro faziam suas paradas
O nosso almoço era um bom feijão tropeiro
E um carreteiro só de carne manteada
A sobremesa era um pingo de saudade
Dos meus filhinhos e da minha mulher amada
Que eu deixava no meu rancho de barrote
Aonde era a minha velha morada
Tenho saudade de um berrante repicando
Que convidava aquelas grandes boiadas
Que passo a passo ia cortando estradão
E levantando uma poeira envermelhada
Como lembrança eu guardei o meu seleiro
Meus apetrechos toda tralha pendurada
Tenho saudades daqueles velhos tropeiros (Bis)
E dos janeiros que eu vivia nas estradas