A lata
No fundo da madrugada
No silêncio na calada
De repente foi chutada
Na batida
Começou a batucada
E o som seco dessa lata
Era um funk lá na Lapa
Era o wailers na Jamaica
Um pagode na Nigéria
Era o morro em pé de guerra
Diz na lata chuta lata vira lata
Diz na mão diz no pé diz que diz
Na lata
Nego diz
E não entala
Demorou, sangue bom
É o bonde, é o trem
Do Estácio ao Pavão
Não tem pra ninguém
Do Borel ao Tabajaras
Na Mangueira, na Cruzada
Já no morro dona Marta
Da lata
Sai o gênio da fumaça
Que do mar veio pra areia
Coisa boa deu na praia
Pra fazer a cabeleira
Da galera que incendeia
Na panela, no vapor
Frigideira agogô
Grumari, Arpoador
Da macumba à mambucaba
Na restinga marambaia
Diz na lata chuta lata vira lata
Diz na mão diz no pé diz que diz
Todo o poder vira lata
Todo o poder chuta lata
Todo o poder para lata