Como me pedir para manter a calma
Se a calma que me pedes é mais além
A calma que tu falas é uma boca
E a saliva profanando o que há de santo em mim
Como me pedir para deixar teu quarto em paz
Se teu quarto é um templo onde eu ergui
Para ti um monumento ao teu prazer
Para ti um monumento...
E fiz dessas paredes nosso escândalo, nosso mapa
Nosso vão receptáculo
De tanto arfar...
De tanto corpo que eu deixei vazar...
Pelas entranhas
Do teu travesseiro, tua coberta
Ainda tem a mim
Escancarado, aberto os olhos, nos teus olhos os meus
Sempre molhados pela brisa que transpiras
Como me pedir para centrar nas coisas boas
Se coisas boas são saudades, e saudades o que são?
Se não eu, um extremo no telefone
E você
Dizendo...
Calma amor...