Filho de Satã com Maria Madalena
Nascido, batizado num barraco de alvena
Guiado pela estrela com seus pais para o Sudeste
Muitas bíblias já contavam a história do cabra da peste
Presentes importados,
Reis Magos oferecem
Destino de bandido,
Barrabás absolvido ou Messias a morrer
Vai renascer
Chegado de Belém, batalhou de engraxate
No Rio de Janeiro teve filho com biscate
Depois de dois mil anos, a história se repete
Filho de Satã sabe bem onde se mete
No baião da procissão
Pilatos vem de camburão
Carregado de tesão
Pra lavar a sua mão
Come tiro e bala, baile funk é a senzala
Vagabundo vaza e rala, perde logo toda a gala
Filho de Satã mete o pé por entre os becos
Seu destino está na cruz mas ainda é muito cedo
Aprendeu com os sábios, batizado do padrinho
Filho de Satã foi chegando de fininho
Atraindo multidões pro alto da montanha
Ídolo pagão das putas, dos sem-vergonha
Entrou pra Igreja, encontrou o seu caminho
Entendeu que, fora Deus, ele tava ali sozinho
Do pó que vem o homem,
Tira a grana do sustento
Sem tributo, sem imposto
É chegado seu momento
Quando os “home” sobe o morro, o Satã pede socorro
E a favela num só coro reza pela sua vida
Filho de Satã não conhece o amanhã,
Deixa a boca pra irmã e a nação estarrecida