Hoje o céu não estava em forma
Estava triste e turvo
E como sou eu que me educo
Fiquei em riste e confuso
Nenhum ouvido heróico ouviu os meus gritos
Lá do rio
Quase me afoguei
Meu antebraço é pueril
O lábaro estava desprovido de estrelas
Os raios deste sol não estavam fúlgidos
No futuro eu não vejo uma gota de grandeza
Me dê um pão
Uma água
Um afago
Um sussurro
Sou o marginal do ipiranga
Deitado em berço esplêndido no meio do mundo
Jogado em um campo que não tem mais flores
Ao som do mar à luz de um céu imundo
Paguei a liberdade com minha alma em penhor
Não sou senhor feudal
Nem sou vassalo do senhor
Tenho medo do colosso da injustiça dessa terra
Tenho receio do teu seio
A esperança é o que me resta
Os covardes da pátria amada me tornaram desigual
No meio desta selva
Sou um simples animal
Nenhum filho deste solo quis comigo ser gentil
Não me deram identidade
Eu não sei quem me pariu
Sou o marginal do ipiranga
Deitado em berço esplêndido no meio do mundo
Jogado em um campo que não tem mais flores
Ao som do mar à luz de um céu imundo