Cheguei da entrevista ao meio dia
O céu era sarjetas de voo
Aproveitei pra afastar a cadeira
Pras crianças não subirem
E presenciarem o tiroteio da janela
E acabei levando um tiro certeiro
E que sobrou foi o rastro de sangue no canteiro
Onde vamos cobrar a nossa paz
É na favela que morre mais
Uma vida de agonia
Quando um menor se perde na vida
Entre os becos e vielas
A história é a mesma
Tentar viver como um cidadão
Sem estar estirado no chão
Sem estar quebrado no chão
Sem estar deitado no chão
Onde vamos cobrar a nossa paz
É na favela que morre mais
Não estou a te esperar
(Corre! Lá vem bala!)
Não estou a te esperar
(Corre! Lá vem bala!)
Ratos no covil de serpentes
Foi essa a definição que escutei
No jornal pela manhã
Abrigados no alto do morro
Onde pássaros são projéteis de bala
Como a matança em qualquer outro ponto
Se iguala
Aonde vamos cobrar a nossa paz
É na favela que morre mais
Dias passam e uma vida se desfaz