Eu tinha um companheiro por nome de Ferreirinha
Nós lidava com boiada desde nós dois rapaizinho
Fomos buscar um boi brabo no campo do Espraiadinho
Era vinte e oito quilômetro da cidade de Pardinho
Nós cheguemos no tal campo cada um seguiu prum lado
Ferreirinha foi num potro redomão muito cismado
Já era de tardezinha, eu já estava bem cansado
Não encontrava o Ferreirinha e nem o tal boi arribado
Naquilo avistei o potro que vinha vindo assustado
Sem arreio e sem ninguém, fui vê o que tinha se dado
Encontrei o Ferreirinha numa restinga deitado
Tinha caído do potro e andou pros campo arrastado
Quando avistei Ferreirinha meu coração se desfez
Eu rolei do meu cavalo com tamanha rapidez
Chamava ele por nome, chamei duas ou três vez
E notei que estava morto pela sua palidez
Pra levar meu companheiro veja o quanto padeci
Amarrei ele pro peito e numa árvore suspendi
Cheguei meu cavalo embaixo e na garupa desci
E com o cabo do cabresto eu amarrei ele ne mim
Saí pra aquelas estrada tão triste e tão amolado
Era um frio do mês de junho seu corpo estava gelado
Já era uma meia-noite quando eu cheguei no povoado
Deixei na porta da igreja e fui chamar o delegado
A morte deste rapaz mais do que eu ninguém sentiu
Deixei de lidar com gado, minha inclinação sumiu
Quando eu lembro esta passagem, franqueza me dá arrepio
Parece que a friagem das costas ainda não saiu
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)