Deixei a roça também o cabo da enxada
Para o meu povo hoje eu canto da cidade
Meu mundo lindo está no som desta viola
Cantando eu mato a tristeza e a saudade
Cheguei fervendo trazendo pagode quente
Esquenta o mundo com a minha cantoria
Mulher bonita que só tem coração duro
Eu amoleço com a força da poesia
Não sou bombeiro e apaguei muita fogueira
Não tinha água eu jogava gasolina
Eu amoleço carne seca na água fria
Eu tiro a meia sem tirar o pé da botina
Sem dar um tiro só vivo ganhando guerra
Dirijo a noite não preciso olhar no espelho
Meus dois faróis sempre foram vaga-lumes
Paro no verde e atravesso no vermelho
Se o destino me mandar cama de prego
Faço virar um belo colchão de mola
Se uma rainha me manda pra guilhotina
Eu viro o laço, carrasco não me degola
Cruzeiro velho virou cinza na fornalha
Dinheiro novo é o dono do mercado
Nosso real já nasceu valendo um dólar
Cantando eu peço pra não ver o real queimado
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)