No leito de um hospital com tristeza acompanhei
Os últimos dias de vida do violeiro que jamais esquecerei
Sentindo o fim da missão e o começo de outra vida
No silêncio do seu grito li na pluma do infinito
Esta mensagem na aurora da partida
O carro da minha vida está afundando
Corroído pelo tempo em sua missão
A porteira da esperança está fechando
E os bois do meu destino sem ter ação
Nem os gritos do carreiro me faz sair
Do lamaçal que entrei cheio de ilusão
Não aguento mais puxar o carro pesado
Que afunda lentamente no estradão
Na curva do desengano eu estou parado
Com a canga infinita da ingratidão
No vai e vem dessa lida não resisti
As pancadas da maldade do ferrão
Meus passos silenciaram por toda a vida
No aboio do carreiro e do cocão
O canzil da natureza não desatou
Venha o ranger por socorro ao ventre do chão
O celeiro da memória vai ficar cheio
Com poeira da saudade na solidão
E no carreador da vida meu velho carro
Vai cantar lá no curral da imensidão