Quando menino
eu troquei a bola pela viola
e fiz da praia do Leme
O meu Abaeté
Com os amigos
futebol na areia
após a escola
musa de tantos versos
ela ainda é
Atravessava o túnel Novo a pé
até o Canecão
pra descobrir aquilo
que me fez quem sou
Voltava em zigue-zague
como as pedras sobre calçadão
e ocupava a beça o som
do meu irmão
Craque,Buarque de Holanda
Qual o anjo que te ronda
quando raias a escrever?
e se o que chega aos seus ouvidos
é divino pra você?
Milton desenha com a sua voz
os trilhos e o relevo
nas linhas em tua mão
És em pessoa o Ouro Preto
nas minas da canção
Nas minas da canção
Tranparência é a melodia
a rebrilhar na voz de Gal
Como um raio laser no cristal
Caí na Noite
nos bares da vida,na madrugada
Cantei na Penha, no Leblon e Santa Cruz
Garis, Vigias e violeiros
são como Exu e Batman
rondam nas sombras
mas a serviço da luz
Eu me entreguei
de corpo e alma
para a dor e a alegria
de ter a música
como crença,como um deus
o meu amor,o meu sustento
minha sabedoria
tudo que eu tenho
foi a música quem deu
Emanuel Veloso mostra
a face ainda não vista
de um povo a se inventar
Toca no espelho dos opostos
que opõe ao se espelhar
Uma mulher em alagoas
sonhara com um navio
de nome Djavan
Canto de pássaro tão raro
e em mim se fez manhã
e em mim se fez manhã
E foi Gil
quem trouxe a África
do Reggae ao Ijexá
Oluó das minhas músicas.