O silêncio na favela
É a incerteza no estampido de um tiro
O silêncio na favela
É a mãe gritando sobre o corpo de um filho
O silêncio na favela
É quando a Lua invade a sala sem pedir
E a gente na janela
Pensando que estamos sozinhos por aqui
O silêncio na favela é o descanso de uma gente
Que levanta com o primeiro cantar do galo
É quem leva esse país pra frente
O silêncio na favela é o breque da Mangueira
É o Salgueiro na avenida que levantou
É Velha-Guarda da Portela
O silêncio na favela é a falta bem cobrada
É a bola que navega
É o silêncio que explode em grito de gol, gol, gol, gol
O silêncio na favela é a milícia extorquindo o morador
É a chuva que soterra
É a indiferença, a intolerância e o seu terror
O silêncio na favela
Também é a pausa que antecede o tamborim
O menino na janela
Entre as cortinas, vendo a moça se despir
Fim de baile pra galera, Pelourinho e Dona Marta
Ver a dança do menino Michael
Bem na porta da sua casa
Bob Marley, e Che Guevara
Tienes hermanos de argentina
Tem Vascão o time da virada
Na camisa da menina
Tem estrela na cabeça
Com fogão erguendo a taça
Lá também tem mulambada do tricolor
Tem timão, Ba-Vi, Gre-nal, Galo
Mas o silêncio na favela É a resposta rubro-negro
Com a bola que navega
É o silêncio que explode em grito de gol, gol, gol, gol
O silêncio na favela
É quando a Lua invade a sala sem pedir
E a gente na janela
Pensando que estamos sozinhos por aqui
O menino na janela
Entre as cortinas, vendo a moça se despir
O silêncio na favela
É muito mais do que eu consigo resumir
Por: Felipe Rodrigues de Souza