Madrugada afora, eu gasto minha vida
No leito solene de um canto qualquer
As minhas noites são bem mais compridas
Horas preciosas que o sono requer
Um livro, um café
E um prato quente em minha mesa
Ah, quem me dera, Bela Adormecida
Ter teu sono de princesa
Nas ruas, nas casas, tudo está calado
Que importa lá fora se o mundo cair?
Resguardo meus pés desse chão gelado
Aguardo paciente o incerto porvir
Um cachorro ladra no portão
Sombras correm pela horta
O medo, esse bicho esquisito
Quer entrar por debaixo da porta
E esse sono que não vem
Que me faz escrever pelas linhas do tempo
Mostra o turbilhão que vem
Entorpecer meu pensamento
Um filme, uma almofada, uma coberta, um sofá
A mesma velha trama, herói que vence o bandido
Viver seria muito, muito mais simples
Fosse nosso destino tão repetitivo
Madrugada é assim
Como uma faixa bônus do dia
Me aqueço ao som do silêncio
Nessa doce apatia
E esse sono que não vem
Que me faz escrever pelas linhas do tempo
Mostra o turbilhão que vem
Entorpecer meu pensamento
Madrugada