Nós confins do grajaú, já no século passado
Se ouvia nheengatu, dialeto misturado
Do índio falando tupi e o português todo errado
Querendo se redimir do mal que havia causado
A reza foi traduzida e vendida no mercado
Nas quintas do tatuapé o bonde não havia chegado
Da mooca ao cambuci indio já era passado
Foi falando o guaraní que deixou o seu recado
Escolheu por resistir, a víver escravizado
Jabaquara-tucuruvi
Até hoje ele é lembrado
Vovó nega andava da lapa ao Tietê
Tinha roupa pra bater e levar pro seu patrão
Conheceu meu avô coaraci do Anhangabaú
Que se catequizou pra evitar a confusão
Mainha Moema foi Santana quem batizou
E um caboclo acompanhou até a hora de pari
São jorge me trouxe da lua por ai
E ofereço meu cantar brasileiro como eu sou
Pra por dendê tem que saber no que vai dar
Mistura mandinga a bebida que deu o pajé
Moleque de angola traga-me um pouco de dendê
Acende a chama põe pimenta na colher
E ofereço meu cantar brasileira como eu sou
Pra por dendê tem que saber no que vai dar