Sempre que ela entre no meu carro
Eu quero que o trânsito não flua
Eu torço por um engarrafamento
E assim começo o meu agarramento
Até o carro da frente seguir
Até o semáforo abrir
E perder embalos nesse seu balancê
Até alguém me chamar
Até alguém me dizer: - Já viu?
Bora que o semáforo abriu!
Sempre que ela entra no meu carro
Espero que ocorra uma batida
Um mero acidente, nada grave
Suficiente para que o tempo trave
E sufocando os segundos a sós
Nessa neblina os faróis acender
Que cego o mundo externo não vê
Não saio desse lugar
Sem o relógio formar
Degradês fumaças nesse vidro fumê
Sinal vermelho eu pego
Com mil carros no prego
Qualquer atraso rezo pra ter
Meus olhos no espelho
Seus olhos no vermelho
Vermelho-verde
Eu e você