(Acho que foi num dia de São João Batista que conheci Deusdéti
Nesse tempo eu já era Marquexista e ela ainda ia em discoteque
Tentei de tudo, até lavagem cerebrár...
Meu saco tá que não guenta
Mas nem o Pinochet é tão radicar.
Êta muiézinha lazarenta
Iguar Deudéti, juro por Deus, não existe
A marvada só lê Capricho e livro da Agatha Cristie
Além do mais é metida a grã-fina, adora homem com
Fedor de gasolina
Que sina, que sina,
Em veis de ela estudá os pobrema da guerrilha urbana
só quer saber de escuitar música americana estrambólica...
Também, a mãe é da liga das Senhora Católica
E o bode véio do pai é da Opus Dei
Não sei, não sei...
Como é que eu vou sair dessa enrascada?
Só se eu pegar o pai e mãe da danada
e fazer papér de fachistão:
vendar os óios e carcá fogo num paredão.
Só que eu tô ficando cheio de fole,
virando um caboclo de coração mole
No lugar de apoiar a luta armada,
fico fazendo verso pra namorada
Mas pra encurtar o causo,
que nóis aqui temo prauzo prá terminar vamo cantar.)
Se o nosso amor for
logo, logo pras cucuia
A curpa é tua Deudéti
Enquanto eu falo o
tempo todo em Che Guevara
Ocê freqüenta o "Tamatete"
Se o meu partido desconfiar
qu'eu te namoro virge, porca miséria
Vamo passar toda nossa Lua-de-Mel
quebrando gelo na Sibéria
Não pude,
não pude...
Não pude ir jantar com
você no Maquesude
Não pude,
não pude...
Não pude ir jantar com
você no Maquesude
Ocê só pensa em champanhe,
caviar e noutros produtos chiquê
Esquece sempre que o seu
futuro noivo é do Partido Bolchevique
Tem certos dias que me dá
um nó na garganta
Daqueles bem morfético
Porque você rejeita o
materialismo dialético
Não pude,
não pude...
Não pude ir jantar com
você no Maquesude
Não pude,
não pude...
Não pude ir jantar com
você no Maquesude
(ê sardade de Potirendaba...)