Você jogou fora o que era seu
Cuspiu no prato em que comeu
Seu proceder não foi sério
Me trocou por alguém eficiente
até mesmo mais potente
perpetrou-se o adultério
E eu fiz vista grossa, meu amor
mas bem sei que você me trai
com um microcomputador
Vi você com ele em nossa cama
disputando videogame e fliperama
Mas previna a este fruto
da Ciência deturpada
que amanhã vou
arranca-lo da tomada
(Para mim meus amigos
a gota d'água foi encontrar
no diário dela este papel.
Trata-se do "Soneto da Eletricidade"
onde ela num estilo Vinícius declara
seu amor aquele amontoado de chips.
Assim dizia o poema...)
"De tudo ao meu computador serei atenta
Antes, e com tal zelo, e sempre e de modo tão terno
Que mesmo diante de um modelo mais moderno
Dele serei sempre a tiete mais sedenta
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de pagar as contas da Light
Que alimenta os seus megabytes
Sem nenhum pesar ou descontentamento
E assim, quando mais tarde, num outro dia
Quem sabe a assistência técnica,
Angústia de quem vive,
Pedir pelo seu concerto uns 800 paus
Eu possa dizer do computador (que tive)
Que não seja imortal posto que é fabricado em Manaus
Mas que seja infinito enquanto dure a garantia."
Vi você com ele em nossa cama
disputando videogame e fliperama
Mas previna a este fruto
da Ciência deturpada
que amanhã vou
arranca-lo da tomada.