Tudo era paz e harmonia em pindorama
Até aquele tumultuado mês de abril
Quando os brancos viram que pra cá pra essas bandas
Tinha terra fértil e um pau chamado brasil
Deitados na rede relaxando com um cachimbo
Os índios nativos só na brisa ou dormindo
Relação harmoniosa com a natureza
Cercados de fauna e flora ricas que beleza
Mas o extrativismo e a ganância começaram
Falaram mais alto e eles desmataram
Queimaram usaram e abusaram da terra
Escravizaram os nativos participaram de guerras
Melanina em excesso cabelo enrolado
Trazido da África pra cá como escravo
Era o negro em navio negreiro trancafiado
Mas o negro zumbi que já tava atribulado
Com esse papo de servir e trabalhar para os brancos
Fugiu e criou o quilombo pros manos
Os que ficaram trabalharam no cultivo da cana
O branco aboliu a escravidão e saiu como o bacana
E o índio foi perdendo poder sobre o espaço
Que era só dele e de mais ninguém no passado
Reduzido a uma reserva que nunca é titular
Jogado pra escanteio e nunca vai entrar
Esperando essa reforma que nunca vai chegar
Se afundando nas drogas aqui no sul do Pará
E os negros libertos da escravidão não da miséria
Abandonados por todos trancafiados numa cela
Favela,violência trafico de drogas
Sem saúde ou segurança sem direito a escola
Pedindo esmola ao estado que nem liga
É jogador de futebol,traficante ou artista
Três opções de futuro para os negros
Exceções muito poucas contadas no dedo
Extração de mimério da mó dinheiro
E o que fica aqui é só a sobra do estrangeiro
Preconceito com o negro preconceito com o índio
E o causador disso tudo só na boa curtindo
E tudo era paz e harmonia em pindorama
Até aquele branco dizer que descobriu
Enganar todo mundo e levar maior fama
Já tinha gente morando aqui onde já se viu ?
E o branco em mares nunca dantes navegados
Tormentosos mares sendo desbravados
Ai pero Vaz caminha sobre o paraíso
Belezas naturais ambição genocídio
Escambo trocando pau Brasil por pente
Ouro por espelho dinheiro por gente
Fez merda no passado e mudou o futuro
Civilizado de merda que cometeu absurdos
Índio politeísta com uma cultura atrasada
Com uma língua estranha e armas antiquadas
Que povo é esse que matou seu próprio Deus
Que escraviza os outros e diz que é melhor que eu
Trancados humilhados e outras coisas mais
Pelourinho,apanham feito animais
Pele escura vindos do outro lado do oceano
Em condições precárias sem comer e apanhando
Hoje ele também apanha mas é da polícia
Morre mais fácil fuzilado pela milícia
Nem se mete na política nem sabe ler
Ganha quase nada mal da pra comer
Vão vendo o índio tomar coca-cola
Vão vendo o preto da favela cheirar cola
O índio na internet ou jogando bola
O preto no sinal puxando bolsa e sacola
Abolição mentirosa escravidão ainda existe
Escravo do trabalho e o preconceito que resiste
Antropofagia disseram que era errado
Que a dança do negro é adoração ao diabo
E tudo era paz e harmonia em pindorama
Até chegada das caravelas
O índio nativo morava em cabanas
Hoje a paisagem é repleta de favelas
Floresta desmatada e o pouco que ainda resta
Sendo destruído CO2 na atmosfera
E a espera do progresso que não chega nunca
A ilusão da melhoria de vida nos afunda
Num coma profundo mantendo a ordem
Eles ganham a gente perde e assim a vida corre
Quem morre quem mata quem perde quem lucra
Quem sofre o preconceito é o que tem apele escura
Loucura desemprego falta de dinheiro
Realidade do povo brasileiro
O dia inteiro se mata de sol a sol
Em busca de um emprego no país do futebol
Sem energia elétrica e água encanada
Aldeia indígena e favela irmão não tem nada
Realidade igualada por enquanto aqui
Dos mais forte nagô até o guerreiro tupi
Descobrimento do Brasil 500 anos
Sem perspectiva sem direito a fazer planos
Um aculturado o outro marginalizado
Zoados na eleição deixados de lado
O artista da vida real morre de novo
Não se enquadra no perfil de galã da novela das oito
Aqui o final não é feliz é trágico
Rápido prático quase sempre dramático
Comédia quase nunca a tragédia impera
Conflitos agrários ou confrontos na favela
Chega de assalto ao povo e mentira banal
Aqui roubam desde o tempo de Cabral
A diferença do menino que fuma maconha
É que pra roubar ele não tem diploma
Não tem advogado nem grana pra se defender
Não tem status,não tem nome não tem o que comer
Não tem pasta nem anda de terno e gravata
Suje-se gordo Machado já deixou em pauta
E tudo era paz e harmonia em pindorama
Até o descobrimento do Brasil
Negro e índio esquecidos muitos sem grana
Data errada dia 1º é 22 de abril