Caminhava sem pensar
Sentia o tempo se arrastar devagar
Sem direção
A jornada era a conclusão
Não buscava o porquê
Abraçava o grande mistério que é ser
E persistir
Movia o ar, queria existir
Quando tentava acordar
Via o sonho se alastrar e voar
Com a percepção
A realidade seguia a ilusão
Não queria ser melhor
Desprezava a ambição
Era filho da eternidade
Só mais um na multidão
E assim ele seguiu
Despertou mais uma vez e saiu
Só queria se perder
No labirinto que era se perceber
E resistir
Melodia e percussão
Levava a vida sem esperar um refrão
Sorte e azar
Deixava o acaso sempre o guiar
Todos eram um
Nada era em vão
Cada dia uma eternidade
Um momento, a imensidão
E assim ele viveu
Foi esquecido e esqueceu
Caminhou sem pensar
Sentiu o tempo se afastar devagar
Até o fim
Fechou os olhos e deixou de existir