Cresci num puxadinho,
Agora eu tenho laje
Fiz com o Waldomiro
Tomando uma cerva...
Queimando uma alcatra,
Que eu comprei na feirinha
Apenas cinco, dez
E hoje vai ter baile as dez
Na comunidade,
Todos os domingo
Vou curtir com os brother
Depois vou pra macumba
Traficantes vendem pó,
Ninguém quer dormir
Dou bote no buteco e chamo as Cachorras pra sair
Descendo as vielas,
Sempre de chinelo
Indo devagar por que se não escorrego
Aqui é uma festa,
Mesmo com os perigo
Ontem teve tiro e morreu um amigo
Se a arma fez Tá tá,
Com certeza mata
De vez em quando a polícia sobe e esculacha
Mas é a minha casa,
E eu vou repetir
Não importa o que aconteça eu não saio daqui
Favela,
Um barraco em cima do outro
Sem saneamento
Eu sou da favela!
As ruas que tem são de terra,
Cheias de buraco
Eu sou da favela!
Tem que falar com os leks hoje,
E com a minha mãe também
Que a Christiellen disse que ta para nascer o neném
Mas não cabe mais um
Por que ela já tem dois
E ainda o primo e a tia que chegaram depois
Moram no mesmo lugar,
Sem colchão pra aliviar
Vai geral se espremer,
Imagina com o bebê
Chorando, gritando, esperneando sem parar
Mais um que a Christiellen põe no mundo
Mas não vai cuidar
É só mais uma história,
Que ninguém se importa
E a oportunidade que nunca bate na porta
Tem que fazer hora extra,
Ter vários empregos
Ou fazer como os traveco,
Na pista mostrando o rego
Olha que vacilo,
Três caras do bonde
Acenderam na quebrada um cigarrinho Bob Marley
Quadra esportiva,
Escola decente,
Posto de saúde
Nunca tem na...
Favela,
Um barraco em cima do outro
Sem saneamento
Eu sou da favela!
As ruas que tem são de terra
Cheias de buraco
Eu sou da favela!
Juntando os parceiros para um churrasquinho
Bota água no feijão, traz um cavaquinho
Hoje é aniversário da Suellen
E vamos comemorar dançando o créu! Créu!
Favela,
Um barraco em cima do outro
Sem saneamento
Eu sou da favela!
As ruas que tem são de terra
Cheias de buraco
Eu sou da favela!