Eu sempre fui feliz
vivendo só, sem ter amor,
mas o destino quis
roubar-me a paz de sonhador
e pôs num sonho meu
o olhar de ternura,
de alguém que, mesmo em sonho,
roubou minha ventura...
Sonhei com esse alguém
noites e noites, sem cessar...
Por fim, alucinado,
fui pelo mundo a procurar
aquele olhar tristonho
da cor do luar,
mas tudo foi um sonho,
pois não pude encontrar...
Mas, na espinhosa estrada desta vida,
sem querer, um dia,
encontrei com esse alguém
que tanto eu queria...
E esse alguém que, mesmo em sonho,
eu amei com tanto ardor,
não compreendeu a minha dor...
Foi inspirado, então,
na ingratidão de quem amava tanto,
que fiz esta triste valsa,
triste como o pranto
que mata de aflição...
Bem sei que esta valsa será
a minha última inspiração!