Embriagado, estatelado num banco do calçadão
Deito espreguiçado e penso que a vida tanto faz
Outra garrafa, com razão, pra encher a cara ainda mais
Cana é muita areia pro meu caminhão
Cambaleando, enlouquecido, fui parar num bar, doidão
Abri mais uma exceção
Quase afogado, ensandecido, derramei tudo
No colo da mulher por quem já fui apaixonado
Aliviado, constrangido, fui pedir-lhe meu perdão
Saio escorraçado, acho que o dono estava bem zangado
Um pouco à frente, ainda enjoado, repeti a dose, então
Derrubei os copos e os pratos no chão
Tudo rodando, me lembrei que moro em Abolição
Dirigi na contramão
Chegando em casa, sem noção
Surpreendi minha esposa com outra moça que usava o meu roupão
Eu relaxei e fui dormir com as duas no colchão
Essa ressaca só me faz achar que a vida a dois empaca
Quando saio, sempre volto para casa numa maca
Minha mãe já quis um dia me matar com uma faca
O problema é que a bebida nunca é fraca
Nem me pergunto se casar também é um porre pra vocês
Quase, sim, não ou talvez
Já desisti de ser feliz só com mulher ou com amante
Então agora decidi viver a três