Vinha montado num bode
Cruzando a cidade dos arranha-céus
Sem perceber que na verdade
É a própria cidade que invade num trote
Cada sonho seu
De ser uma cidade, de falar com Deus
De acordar mais tarde, de brotar do chão
Pé-de-feijão
Cafuso coração
Que voa apressado de dentro do porão do peito
Sem jeito de ser
Nada à esquerda do cifrão
Vinha com jeito de lorde
Comprando a cidade dos arranha-céus
Sem perceber que na verdade
É a própria cidade que pisa e que morde
Cada sonho seu
De encostar sem medo no ombro de Deus
De acordar mais cedo para ver o mar
E navegar
Sem hora pra chegar
Num barco, na ilha perdida, na locomotiva
À deriva que vai
Com a liberdade de ficar
Vem um pra cá, vai um pra lá
Vem dois, vem mais, vem um milhão
Sem saber a direção
Pra ser feliz nesse lugar
Nossa vila à beira-mar
É a matriz da solidão