Adeus Papai, Adeus Mamãe
Eu sou o filho que volta, a bater na mesma porta
Que há muito tempo eu fechei,
Quando fui embora chorando e aqui soluçando
Papai e mamãe eu deixei
Hoje, vejo a gaiola vazia do canário que um dia,
Eu mesmo mandei soltar,
Talvez o pobre passarinho, voltou ao seu velho ninho
Como eu voltei ao meu lar
Vejo o meu cão policial latindo ali no quintal
Nem me reconheceu
Vem lobo, vem ver o seu dono que te deixou no abandono
Sem ao menos dizer-lhe adeus.
Já vai alta a madrugada, vejo a janela fechada
Do quarto de meus velhinhos
Talvez mãezinha chora, sem nunca pensar que agora
O seu filho está tão pertinho!
Talvez pensam que eu morri, porque nunca lhes escrevi
Desde a minha despedida.
Eles devem estar velhinhos, já na curva do caminho
Que conduz ao fim da vida
Abra a porta papai!
O seu filho está de volta prá pedir sua benção,
Sei que sua voz não sai, cortada pela emoção
Não precisa dizer nada, deixe as lágrimas derramadas
Banharem meu peito de dor.
Eu que vivi sem carinho, 20 anos papaizinho
Quero agora o seu calor!
Papai, cadê minha mãezinha?
Meu pensamento adivinha, olhando nos olhos seus
Meu filho, chorando quero te dizer:
Sua mãe não pode viver, foi se embora morar com Deus.
Qual uma flor entre espinhos, no abandono murchou
Papai como você está velhinho
Seus cabelos estão branquinhos,
foram as tardes sem fim
Vejo na parede a fotografia da mãezinha que um dia
Eu deixei chorar,
Parece que ela me diz:
"Filho como estou feliz, de ver você regressar"
Parti pra fazer riqueza, pra tirar-me da pobreza
Ao meu pai e minha mãezinha,
Mas compreendi tarde demais,
Que eram os meus velhos pais, a maior riqueza que eu tinha.