Como se colhe uma mulher?
Nem sempre é touro p'ra colher
E o matador que há em mim
Não bandarilha num jardim
Ser pegador tão floreado
Não faz que seja bom forcado.
Se da plateia vêm flores
A cada "Olé" eu sinto dores.
Foi-se esta veia assassina
Veio a Maria Clementina.
Como se apanha um coração
Sem dar o nosso por caução?
O caçador que há em mim
Não se deixa abater assim
Mas p'lo disparo sem certeza
Ricoheteia a Natureza.
Se da culatra vêm flores
Eu digo ais mas não de dores.
Um tiro errado não se ensina;
Veio a Maria Clementina.
Como se cala uma cantiga
Sem trautear quanto isso obriga?
A surda-muda que há em mim
Já ouve o anunciado fim.
De tão cinzenta previsão
Alaranjou-se-me a intenção.
Se te amordaço e dás-me flores
Que me castiguem justas dores.
Foi-se esta predatória sina;
Veio a Maria Clementina