Quem me dera que voltasse
O doce tempo de além
Sentada junto à lareira
A ouvir cantar minha mãe
Ó tempo, tempo ditoso
Da vida eterno sorriso
Que ternas em paraíso
Um mundo tão enganoso
Quando à minha mãe, choroso
Após um beijo na face
Lhe pedia que cantasse
Uma trova de bonança
Esse tempo de criança
Quem me dera que voltasse
Tempos que não voltam mais
Da nossa infância ridente
Em que eu vivia contente
Correndo atrás dos pardais
Das paredes dos casais
Que a nossa aldeia contém
Branquinhas como a cecém
Mudas como a gratidão
E recordam com paixão
O doce tempo de além