De volta ao velho pesqueiro
Visitar, eu resolvi
Tranquilo e hospitaleiro
Meu velho Piratini
Ressojo de espumas brancas
Lar de Jacus e Bugios
Da galhada na barranca
Bem-te-Vi diz que me viu
Na velha mochila escura
Vinha fumo e mantimento
Um frasco de canha pura
Pra adoçar o pensamento
Rebano de linha grande
Pra negacear e Pati
Caniço, isca e forquilha
Pra enfiada de Lambari
Porém, fiquei assustado ao ver aquilo mudado
Me conter, não consegui
Na mata da minha infância, o progresso e a ganância
Já tinham chegado ali
Aroeira virou palanque
E o Angical virou trama
Pitangueira virou lenha
E o chircal virou grama
Tambo de leite estalado
Plantel de gado de cria
Motores da alcons fechados
Muita tecnologia
Parece que o rio chorava
No murmúrio do seu leito
Também não pude conter
A angústia dentro do peito
Ali no meu velho pesqueiro
Tem cerca eletrificada
E, num plaquete anunciando
É proibido a entrada
Outra dor e a navalha cortou o ninho das Gralhas
E do cantor Sabiá
Dali, eu saí correndo, pra mim mesmo prometendo
Nunca mais eu volto lá
Outra dor e a navalha cortou o ninho das Gralhas
E do cantor Sabiá
Dali, eu saí correndo, pra mim mesmo prometendo
Nunca mais eu volto lá