Se tu queres ver
A imensidão do céu e mar
Refletindo a prismatização
Da luz solar
Rasga o coração, vem te debruçar
Sobre a vastidão
Do meu penar
Sorve todo o olor
Que anda a recender
Pelas espinhosas
Florações do meu sofrer
Vê se podes ler
Nas suas pulsações
As brancas ilusões
E o que ele diz no seu gemer
E que não pode
Assim dizer nas palpitações
Ouve-o brandamente
Docemente a falsidade
Casto e purpural
Num treno vesperal
Mais puro que
Uma cândida vestal
Hás de ouvir um hino
Só de flores a cantar
Sobre um mar de pétalas
De dores ondular
Doido a te chamar
Anjo tutelar
Na ânsia de te ver
Ou de morrer
Anjo do perdão!
Flor vem me abrir
Este coração
Na primavera desta dor
Ao reflorir mago sorrir
Nos rubros lábios teus
Verás minha paixão sorrindo a Deus
Palma lá do Empíreo
Que alentou Jesus na cruz
Lírio do martírio
Coração, hóstia de luz
Ai crepuscular, túmulo estelar
Rubra via-sacra do penar
Rasga-o, que hás de ver
Lá dentro a dor a soluçar
Sob o peso de uma cruz
De lágrimas chorar
Anjos a cantar preces divinais
Deus a ritmar seus pobres ais