O que fazer
Além de tomar o velho chá medicinal
Aspirinas, vitaminas, sal-de-fruta
Um relaxante muscular
E mergulhar na química
O inferno que dói pelas manhãs
O que fazer
Enquanto as coisas vão acontecendo
Você dorme no capacho
A bexiga expelindo águas bentas no urinol
Você inflado como um garoto de uniforme
Mês de março, volta às aulas
A grutinha tão feia e bonita
Onde você rezava
Mas agora você tão belo a roncar
Sobre o capacho
Por ter esquecido a chave no mictório
Soluçando à noitinha
Também nove horas
Contemplando o abismo em gel
Junto à negra senhora
É ela que esconde entre as palavras doces
Que você usa
O que fazer
Com o sonho diurno
Que brota no meio da 'sesta'
Em que um monge surdo
Aparece na capela de sua infância
Tentando comunicar
E nada nada nada nada
Você fugiu de novo
Para a velha quadra de futebol
E agora na sua boca das seis
O sabor do sol
Observa o movimento dos vizinhos
Você não vê
As coisas vão acontecendo
Mas o que fazer
Além de tomar o velho chá medicinal
Aspirinas, vitaminas, sal-de-fruta
Um relaxante muscular