Ninguém vai me domar
Fode não que eu sou da rua
Sei cês quer domesticar
Pobre, preto, loko e puta
Vem pra me tirar da luta
Que pra mim é pouco a cota
Sou o oposto da sua aposta
Vou cobrar mais do que custa
A prestação da vida curta
Que oferece seu mercado
De trabalho, escravo
Quero mais que ter salário
Meu fardo, seu peso
Vai logo, abre o caixa
Concretizo o pesadelo
Sim eu vim roubar sua alma
Meu trauma vira drama
Pra quem entra na minha trama
E quer me ver morto ou em cana
Sem acesso a fama e a grana
Que almejo, sim quero
O paraíso e seu inferno
Nem que seja necessário
Invadir o seu castelo
Publicidade a vera
É a política do show
E o sofrido povo humilde
O governo abandonou
Sempre enganou
Com promessas vazias
Na lábia iludiu
As nossas famílias
Só quem é cria
Entende o dialeto
R. A. P
Certo pelo certo
Meu manifesto
Cultura e protesto
Meu dom não empresto
E nos baile eu liberto
Corpos e espíritos
De corações aflitos
Que chapam com meus versos
Subversivos
Já é um fato o conflito
O choque, inevitável
A pista é foto e perigo
E o video o se fez inegável
Pegaram o neguinho pra Cristo
Bateram, humilharam e nada encontraram
Dia a dia violento que eu vivo
Não pode gelar, se tomar enquadro
Tanto faz matar, manter vivo
Pra quem passa pano pro errado
Irmão, cê tem que ser frio
Se não morre de emocionado
Se tá na rua tem risco
Fica ligeiro se tiver bombado
Menino bom também toma tiro
Não somente bandido e safado
Tentarão te por na cruz
Prejulgar, subjugar
Mas não deixa esses mal pago
Vir de idéia te moldar
Querem apagar sua luz
Te impedir de iluminar
Que eles sabem são culpados
E é um perigo cê pensar