É triste ser boiadeiro
Perdido neste sertão
Tocando boi o dia inteiro
Na mais cruel solidão
O dia às vez está bem quente
Às vez tá frio de rachar
E peito não vai a gente
Seguindo sem descansar
As mata vai sempre andando
Mais longe que o céu inté
E a gente vai se alembrando
Do rancho e das muié
Quem tem seu sítio plantado
Não gosta de abandonar
Mas tem negócio tratado
Os bois precisa embarcar
E a gente parte cantando
Com uma dor no coração
Os filho fica esperando
A muié tarvez que não
Ás vez estoura a boiada
E o causo então dá trabaio
Tem hora que não faz nada
Se cansa de jogá baraio
A vida triste é verdade
Mas sempre há quem resista
A dor cruel da sôdade
É o boiadeiro paulista
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)