Vermute meu bom amigo
Era meu cavalo baio
Não bebia gasolina
Não patina no orvalho
O meu potro campolina
Nunca foge do trabalho
Labuta o dia inteiro
E não exige salário
Na poeira do estradão
Vermute era como um raio
Pelo meio da invernada
No mato faz um retaio
Seu gosto em lidar com gado
Da rez eu não me destraio
Quando eu libero o meu laço
Comprido eu nunca faio
Domingo dia de missa
Bem cedo é que eu saio
Vermute cá melhor traia
Eu canto feito um canário
Se passa moça bonita
Os olhos eu esbugaio
O meu alazão cobiça
E eu quase que me atrapaio
Mas os dias não se repetem
Como as cartas de um baraio
A tristeza aconteceu
No dia quinze de maio
Com o meu querido potro
Destino foi salafrário
Hoje se olhar no meu rosto
A lágrima é o cenário
Vermute foi muito cedo
Pra morte pegou um ataio
Cruzemo uma cascavel
Eu só vi pelo chacuaio
Daí já não sei mais nada
O tombo causou desmaio
E da sela da saudade
Agora eu não mais caio
Hoje tenho outro cavalo
Um potrinho paraguaio
Mas dele nunca me esqueço
Com a dor é que eu bataio
O seu rolão preferido
Ainda ta no balaio
As argolas e a sela
Chaveado no armário