Não quero nada que alise meu cabelo
Desespero estou com medo, de tanta destruição!
Lá na amazônia está perdendo até o cheiro
várias ervas que existiam hoje estão em extinção
Na rua, à noite tudo mundo anda cabreiro
E também de saco cheio, de ver tanta agressão
Mais o sujeito, muito vezes torna suspeito
Só porque dorme na rua com jornal e papelão
É desrespeito, anjo vira esqueleto se aquece
Com a cola, para esquecer a fome e o pão
É desse jeito muitos seguem sem querer
Sem saber o que fazer, pega primeira opção
Sol ilumina chuva lava alma, a fonte
Que vira banheira água verde sem sabão
Não quero nada que alise meu cabelo
Honro o nosso cativeiro, conquistou libertação!
Olhar no espelho, ter orgulho de ser negro
Se assumir bater no peito, sem entrar em contradição
Aparência rotulada, preconceito
Muda a fase do negreiro rende-se a transformação
Desencanada finjo não estou vendo nada
Nem um pouco preocupada não sou influenciada
Por progressiva intensiva que alisa
Cabelo solto encaracolado identidade assumida
Não quero nada que alise meu cabelo não
Não quero nada que alise o meu cabelo
O meu cabelo deixa o meu cabelo, o meu cabelo
Não quero nada que alise o meu cabelo