Se eu mandar ir lá buscar
E não tiver mais pra vender
Compro cabra a 1 real e vendo o sino
Pra não ter que me prender
Só à tarde eu tiro um som
Pinto a casa no verão
Subo escada, troco telha, vejo o sol
Pra não ter que me prender
Se meu pai é são-paulino
E não quer jogar comigo
Ligo o rádio e dou risada aos domingos
Pra não ter que me prender
Eu não ando de Havaianas
Não me amarro em som retrô
Tomo a Brahma com tremoço no boteco
Pra não ter que me prender
Acendo a vela pra espantar o mau cheiro
Recolho a roupa e me espalho inteiro
Boto fogo na sacada, no tapete da minha sala
Ponho flores no altar
Do aquário avisto o mar
Perco a hora e chego cedo pro jantar
Pra não ter que me prender
Faz calor aqui no pátio
Tiro a sunga do armário
Encho o tanque, desço a serra, pego um táxi
Pra não ter que me prender
Toco Gal com distorção
Rego plantas no saguão
Troco Nietzsche por qualquer religião
Pra não ter que prender
Deixo a barba no varal
Escondo a meia no Natal
Chove copo na geral, eu sou mais um
Pra não ter que me prender
Eu vejo o mundo do meu jeito cabreiro
Na luz do dia já não tenho mais medo
Boto fogo na sacada, no tapete da minha sala