Escrevo e pronto
O inverso do que é preciso
O nexo que liga os pontos
O som dos meus edifícios
Escrevo o pranto
As vísceras dos meus sentidos
E os versos nunca ficam prontos
Ninguém tem nada com isso
Escrevo por que é possível
Ser um homem e tocar o céu
Escrevo enquanto sobrevivo
E se há espaço no papel
A sede, o vento, a chama o grito
O medo de me esquecer
Eu escrevo apenas
Nunca tem porquê
Escrevo e canto
A saga dos meus sacrifícios
O conto que eu aumento um ponto
A cor do meu paraíso
Escrevo e minto
Escrevo quando acredito
Se finjo e sinto o que não devo
Ninguém tem nada com isso
Escrevo por que é possível
Ser um homem e tocar o céu
Escrevo enquanto sobrevivo
E se há espaço no papel
A aranha tece a teia
O peixe beija e morde o que vê
Eu escrevo apenas
Tem que ter porquê?