Conheci você na rua
Num movimento estudantil
Tu estavas tão bonita defendendo a liberdade
Você era professora eu trabalhava em jornal
Lembro até da sua roupa, era um camisão xadrez
Sobre uma calça jeans
E eu vestia quase igual
Foram manifestos inocentes
Lado a lado com o terror
Exilarão sentimentos,
Torturarão nosso amor,
E os planos em tumulto ficarão pra depois
O tempo foi matando aos poucos
O que seria pra nós dois
Quando eu me lembro desta luta
De você eu tenho saudade,
Nossos desejos,
Sempre ficando no sufoco
Em meio a tanta maldade,
Agora já são outros tempos
A luta não era em vão,
Brigamos pelo que era nosso, liberdade de expressão
E poder conseguir sem mortes ocupar o nosso chão
Onde estão tantos colegas
Outros a morte em vida conheceram
Que no obituário puderam ler com o seus próprios olhos
O seu documento finito,
Algumas lágrimas rolam quando parece que ainda ouço
O eco dos seus gritos
Ai eu volto e estranho à calma na pátria querida
E fui visitar a Bandeira que um dia jurei amar
Mas encontrei tão desolada maltratada e traída
Pelo sistema que me obrigou a jurar
Acho essa liberdade falsa, falsa ordem pra expressar
Hoje eles estão surdos e não nos podem escutar,
Ah, BRASIL, é seu filho que grita forte
Emocionado, tua beleza causa inveja no mundo
DEUS te fez fértil e de nobres riquezas
Mas ele mesmo sente, com tantos filhos teus tão pobres
Sem pão e sem certeza
Às vezes te encontro quando estou ouvindo uma canção do passado,
Fecho os olhos, e te vejo na multidão
Gritando palavras de ordem acompanhando o refrão
Exigindo igualdade, liberdade, educação
Lembra os filmes que eles destruíram
Aparecem revelados sempre na minha mente
Incineraram meus papéis, mas não queimaram
Da memória o que eu já tinha escrito,
Naquele dia eu vi suas cinzas,
Levando a nossa história pra editar no infinito
Vem, vamos embora que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora não espera acontecer
Vamos, vamos embora que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora e não espera acontecer
Não espera acontecer.