Um velho peão no peso da idade
curtindo a saudade num canto ficou
Ouvindo o barulho do povo e peões
também os rojões que no céu clareou
E assim apoiado na sua bengala
da porta da sala pra fora espiou
E quando ele ouviu segura peão
o seu coração no peito pulou!
Ali no batente ficou se apoiando
ficou até quando o rodeio acabou
E quando ele viu a luz se apagando
quase se arrastando pra lá caminhou
E lá de fininho entrou no rodeio
e bem lá no meio sòzinho parou
As suas palavras saudosas de outrora
por Nossa Senhora só Deus escutou!
Ali quantas vezes com nó na garganta
a imagem da santa chorando beijou
Ali quantas vezes ergueu seu troféu
e o velho chapéu pro povo abanou
E bem solitário lá no picadeiro
pros ex companheiros ainda rezou
Era o rei, seus sonhos mais belos
no mesmo castelo que um dia reinou!
No alto falante do seu pensamento
um outro talento seu nome falou
Era o Zé do Prato narrando a saudade
o peso da idade foi quem te tombou
Não foi o Tordilho nem foi o Ruano
o peso dos anos quem te derrubou
Não foi o corcóveo de nenhum pagão
segura peão que o tempo passou!