Numa noite de quaresma
Enciei a besta dourada
Era meia-noite em ponto
Pra ir buscá uma boiada
Num lugar muito deserto
Vi um rancho à beira estrada
Dentro tinha uma menina
Chorando desesperada
Seu moço siga viage
Vá cumprir o seu devê
Não entre aqui no rancho
Se vancê não qué morrê
Aqui vem um bicho feio
Disse que vai me comê
É o tar de lobisome
Que sempre ouvi dizê
Não levô nem dez minuto
Aquela fera chegô
Pra comer a inocente
Dentro da tapera entrô
Em forma de um cachorro
Na minha frente parô
Depois de um pulo certero
No meu pescoço agarrô
Gritei por Nossa Senhora
Meu punhal desbainhei
Pra vencer aquele bicho
Mais de uma hora lutei
Com meu braço enfraquecido
Inda seu peito risquei
Saindo um pouco de sangue
O seu fadário quebrei
Quando vi aquele moço
De linda fisionomia
Meu corpo se arrepiô
De escuitá o que ele dizia
Obrigado boiadeiro
Me sarvô da tirania
Vancê quebrô meu fadário
Pra salvar a minha fia