Dias bons e ruins se equilibram no vazio
Entre o inverno e o verão
Entre o calor e o frio
Sigo como um rio
Querendo tudo como quem não quer nada
Felicidade é a própria estrada
Não é o ponto de chegada
O diabo veste prada
Jesus transparece o pobre
A caminhada começa errada
Cobiça no tesouro do nobre
O ouro encobre a essência que é tão bonita
Uma mente que ensurdece
Não escuta a prece de um coração que grita
Alegria nos bares, celulares que cabem na palma
Uma avalanche de cimento
Engole a flora e a fauna
O homem cura o deprimido
Com um comprimido que acalma
Mas é incapaz de remediar
O tormento de uma alma
É uma calma sintética
Pra uma vida frenética
Gente cética, descrente, ausente, patética
Lambendo o espelho
Aprisionados à estética
Egos inflados e preparados
Pra falar sobre ética
Prefiro a linguagem poética que me leva daqui
Nas linhas que escrevi
Ou nos livros que eu já li
Que me fez transgredir, analisar e refletir
E preferir ser mensageiro antes de ser mc
Eis-me aqui, abraça a causa com vontade
Rima repleta de amor e de responsabilidade
Animar festa com rima que não presta?
Não vou ser mais um
Mestre de cerimônia que a babilônia tragou
Não, mano, essa não é minha meta
Quero manter minha mente sã
Debaixo da minha aba reta
Proclamador do amor, movido pela paz inquieta
Uma palavra dita errada
Eu sei que também me afeta
O estilo é o mesmo de sempre
Estilo vagabundo
Com a diferença de hoje
Andar na contramão do mundo
Todo o homem tem seu preço e o meu tá pago, tio
Pelo maior doador de sangue que a terra já viu
(corpo e alma presente
A vida é aqui
Momento é agora)
E não é surpresa, somos presa
Preso aos prazo, acervo
Neurônios e neuroses, serve doze dose, ferve os nervo
Insuportável
Lástimas, lágrimas de dor na consciência
Condição de existência lamentável atualmente
A mente mente, gente que não sente
No fundo há fundo super superficialmente
Deslumbrando e deslumbrando
A paisagem na passagem sem embassagem
Moeda ofusca a busca, queda brusca
Ao passo do precipício, vejo a massa dominada
Como ovelhas sem pastor
Que marcham rumo ao sacrifício
Se rende atrás de atração, aprende a distração
Que prende ao cênico
Alcoólatras, idólatras, esquizofrênicos
Por aqui o acomodo é favorável
Não é incômodo quando o cômodo é confortável
Mas uma coisa é certa, encarcerado na ilusão
Desse mundo de mentira só a verdade liberta
(verdade essa que
A gente encontra dentro da gente, mano
Que te liberta do medo, te liberta do ódio
Evolução é elevação
Sentido da vida é pra frente)
Marche!