Escravo Herói
Alexandre Saad
Na engrenagem do engenho
Na moenda do moinho
Passou cana com bagaço Passou farinha de milho
Caldeou sangue de escravo
Pra adoçar café de rei
Transbordou suor de negro
Sob a força de uma lei
é! Paciência é! Paciência
é! Paciência, cada passo uma cadência
Fazer pinga de alambique Cortar cana de açúcar
Segurar canga de engenho
Pra melado e rapadura
Empurrar pedra de moinho
E sangrar calos da mão
Puxar milho da lavoura
Levar milho pro galpão
é! Paciência é! Paciência
é! Paciência, cada passo uma cadência
Mas um dia esse escravo Acordou de um pesadelo
Do quilombo liberdade
Viu feitor sofrer em pêlo
Essa saga se inverteu
mas na lembrança ainda dói
Muitos anos se passaram
e o escravo virou herói
é! Paciência é! Paciência
é! Paciência, cada passo uma cadência
O escravo dessa história
Veio d?outro continente
Negro virou Preto veio
E ainda está contente
Também muitos que sofreram No terrível cativeiro
Hoje vivem na memória Daqueles que o sucederam
é! Paciência é! Paciência
é! Paciência, cada passo uma cadência