Saiu do Norte
Com a mala e a coragem
Segurou uma carona
Na porta de uma pau-de-arara
Um certo dia escreveu
Pra sua gente pra contar as novidades
Que encontrou na Guanabara
Ganhou de cara
Um cartão, uma marmita
Uma cama de beliche e uma chapa dos pulmões
Um par de luvas, capacete e macacão
Duas botas de borracha
E um carrinho de mão
Recebeu que nem cachorro
Trabalhou que nem leão
Já tem relógio e uma eletrola
Radinho de pilha e uma televisão
Fim de semana
Os amigos lhe convidam
Pra jogar um dominó
Lá no quarto da pensão
De vez em quando
Vai ao prédio da cidade
Levar flores pra Maria
Que é mulher de viração
Nessas espeluncas, muitos anos se passaram
E o andaime dos seus sonhos
Já cansou de desabar
Hoje a Maria já mudou de endereço
É senhora respeitada
Que lhe espera pra jantar