Somos feitos de tempo, feitos de terra
O que pulsa em nós e o que nos enterra
A entrega do mundo em nossas mãos
Qual palavra sugere novo começo?
Toda ideia ganhada se tem um preço
Confiança estirada na contramão
A poeira do mal que nos cerca
Interesse e ganância nos cegam
Um abraço forçado causa explosão
Movimento todo o universo
Em cada paço contado nesse meu multiverso
Me tornando mais irreal
Há sempre um futuro
Secando em meu varal
Somos fagulhas do mesmo espaço
Do mesmo frasco, mesma tensão
Chuva que fere a ferro e fogo
Vou me afogando nessa atração
A gravidade desfaz o corpo
Transforma a mente em água e sal
Vou respirando o silêncio
Pra me tornar temporal
Os meus pés estão cansados
De ficar em um só lugar
Caminhando é que percebe
Quanto tem pra se andar
Meu planeta vai girar
Céu e terra se completam
Nesses olhos que me afetam
O que planto tudo dá
São meus
Labirintos seus