Fui parido aqui neste mundo
Sem amigos, sem muitos amores
Nos meus olhos não vi tantas cores
Em meu peito silêncio profundo
E esses anos se foram em segundos
Aprendi que se deve respeito
E esse canto que ecoa estreito
E admira o poder da amizade
Se eu pudesse banhava a cidade
Com as águas do amor verdadeiro
Não se lembram de mim no presente
No passado então nem existia
No futuro não quero fatia
Da presença que engana e descarta
De palavras a mente tá farta
Falsidade me livro ligeiro
Há quem diga que eu sou encrenqueiro
E que visto a tal vaidade
Se eu pudesse banhava a cidade
Com as águas do amor verdadeiro
Nestes tempos boa companhia
Não se faz nem se tem por dinheiro
Se existe é só em cativeiro
Criação dessa má covardia
Quando perto me traz calmaria
É batuque dentro do terreiro
Mesmo quando se faz passageiro
Do abraço só resta saudade
Se eu pudesse banhava a cidade
Com as águas do amor verdadeiro
Bons amigos eu conto nos dedos
Que o tempo não leva vantagem
Quando longe se tornam miragens
São perfeitos de tão imperfeitos
Quando lembro dos nossos bons feitos
O contrato nunca se acaba
Só a morte é quem rasga ou apaga
Esse laço de pura irmandade
Se eu pudesse banhava a cidade
Com as águas do amor verdadeiro