Ser à noite enquanto ela dorme,
Ser o fruto de toda a existência,
Ser a amada na janela esperando o cavalo,
Ser o vento que segue cruzado.
Ser o tato na tua veia,
Ser a semente na lua cheia,
Ser a dor, a cruz e a espada,
Ser a uva o cacho e a chaga,
Ser o corvo e o trigo,
Ser o belo infinito,
Ser o próprio abismo,
Ser a água do meu rio,
Ser a sede que seca,
Ser a seiva que revela,
Ser a âmbar amarela,
E a monarca que bela!
Ser a morte e a vida,
Ser a colheita e vindima,
Ser a rosa e a margarida,
Ser o metal e sua liga.
Ser o degrau e a escada,
Ser o pé e a sandália,
Ser o papiro e a escrita,
Ser a bela e a tinta.
Ser o bem e o mal,
Ser a soberba final,
Ser a sorte lançada,
Ser o azar em uma porta fechada,
Ser a noite que chega,
E agora que vai.