A caminhada deu canseira na boiada
E os companheiros me pediram pra parar
Pelo luar eu vi que era madrugada
E o vento calmo não parava de soprar
Eu debruçado numa esteira rente ao chão
Naquela noite cochilei, mas não dormi
Tirei das brasas um toquinho de carvão
E na baldrana estes versos escrevi
Dorme em paz a boiada e os meus amigos
Com suas traias embaçadas pelo pó
Somente o vento testemunha está comigo
Mais uma vez este poeta chora só
E na verdade eu chorei triste lamento
Porque senti tanta saudade de alguém
Embora morta vive em meu pensamento
E estive mergulhado no além
Rompeu o dia e um novo sol raiou
E a boiada novamente na estrada
E na baldrana veio o vento e apagou
Os versos feitos nesta triste madrugada
Dorme em paz a boiada e os meus amigos
Com suas traias embaçadas pelo pó
Somente o vento testemunha está comigo
Mais uma vez este poeta chora só
Mais uma vez este poeta chora só