Flô morena, dor cheirosa
Quem foi que te perfumou
Quem te fez assim vistosa
Com esse óio de amô
Foi o relento da noite
Que a primavera beijou
Ou foi água do riacho
Onde a virgem se banhou
No sertão por onde ando
Vi muita moça cheirosa
Umas com cheiro de cravo
Outras com cheiro de rosa
Umas com cheiro de acácia
Outras cheirando a jasmim
Mas morena eu nunca vi
Moça cheirosa igual a ti
Indereré, indereré
Taiêra, taiêra, indereré
Nem tudo se costura com agulha
Que é vezo de couro e pano
Se o raio coze a fagulha
Chuleia a paia do abano
No cemitério sem cova
Cava é a voz das caveira
Ali a paz não desova
É ninho de catingueira
No raso da Catarina
Medo é modo de falar
Lampião quando tem sede
Bebe no caraguatá
Indereré, indereré
Taiêra, taiêra, indereré
Saudade que o boi pisou
Pisada que o rio lambeu
Quando o olho d´agua secou
Meu peito sonso chamou
Cego Aderaldo atendeu
Bucho da morte emprenhou
Os "arubu" do sertão
Barranca se amofinou
Sal do barreiro muchou
O rio chegou no caixão
O pé de mandacaru
Arranha a unha do sol
Caatinga toda enfezou
Verdejo só de Icó
No coito do caritó
Lucas da feira saudou
São Benedito no andor
Indereré, indereré
Taiêra, taiêra, indereré
Chove chuva pro boi cumê
Sabiá cantá, vaca mugir
Bezerro mamá, eô