O cara decidiu ser um artista
Queria entrar nas paradas
Mas só que desafinava, pra chuchu
Fazia até pose de cantor
Não negava uma entrevista
Dizendo, sou compositor
Então contratou um alquimista
Todo informatizado
Que topou a empreitada
Tomou “umas pingas” no estúdio
Mel na garganta e gengibre
Mas não adiantou nada
A voz era uma agonia
Do metrônomo saia
E a mesa de som clipou
E logo um malandro que assistia
Sacou do bolso um disquete
Com um plug-in afinador sampleador
A voz toda do bicho engrossava
Até parece feitiço
O tal do computador, que afinou
E hoje um disco de ouro ele estampa
Está entre as dez mais tocadas
E vive na boca do povo
Faz parte até em trilha de novela
E eu que mando bem o babado
Continuo na favela